Sem chuva, sobram riscos

January 09, 2013 | Categoria: Energy

 

O governo reúne a cúpula do setor elétrico para discutir no início da tarde se o país corre o risco de ficar sem energia. O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, garante que a reunião do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) é de rotina. Pode ser. Mas escassez de energia não deveria ser rotina no país pelo menos durante um governo que defende taxa anual de crescimento econômico de 5% ou mais. Sem energia, não dá. Também não deveria ser rotina a informação de que o país pode sofrer racionamento de energia elétrica, possibilidade alardeada no mercado financeiro nos últimos dois dias, desvalorizando ações das empresas do setor, pressionando projeções de inflação, de juros e abatendo as perspectivas para a expansão da atividade.

O risco de racionamento foi negado por Zimmermann ontem. Mas isso é pouco para o governo Dilma Rousseff que há quatro meses deu uma feliz notícia aos brasileiros: a redução média de 20,2% da conta de luz a partir de 2013, o que deu um alento para visões otimistas de inflação e baixistas para os juros. Alegria geral. Sem chuva, encanto desfeito. E, pior, risco crescente de expectativa turbinada para a inflação, de interrupção da estabilidade da taxa Selic e de desaceleração das apostas, por ora até tímidas, para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. 

Em setembro, a presidente Dilma anunciou o processo de  antecipação da renovação das concessões no setor de energia que venceriam até 2017. A possibilidade de baixar as tarifas de energia estava integrada a esse complexo processo envolvendo geradoras e distribuidoras. De lá para cá, desentendimentos entre as empresas e o governo em meio a um mundo de discussões jurídicas acabaram contendo pouco a pouco a perspectiva de abatimento da conta de luz.

As discussões e decisões de ordem técnica e política,inclusive pela implicação de companhias estaduais, somada à falta de chuva nas bacias hidrográficas que abastecem os reservatórios das grandes usinas hidrelétricas do pais – provocando baixa nos reservatórios ao menor nível desde 2001 –, tragou dois pontos da prometida queda de 20% nas tarifas de energia em decorrência do alto custo da substituição da energia