Juros sobem pressionados por temor de que custo da energia gere inflação

January 09, 2013 | Categoria: Energy

Por João José Oliveira, Lucinda Pinto, José Sergio Osse e José de Castro

As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) subiram ontem para o maior patamar em duas semanas, puxadas pelo receio de que os custos da energia no país gerem pressões inflacionárias e aumentem o desafio do Banco Central em manter a Selic em 7,25%.

A uma semana do primeiro encontro do Copom (Comitê de Política Monetária) de 2013, o contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento em janeiro de 2014 subiu a 7,17%, ante 7,12% na véspera.

O economista-chefe do banco Pine, Marco Maciel, admite que o uso de uma fonte mais cara de energia, com acionamento de mais térmicas para compensar o baixo nível nos reservatórios das hidrelétricas, pode afetar os planos do governo de reduzir os preços no segmento. "O governo não vai conseguir os 20% [de redução]. Mas vai insistir no corte, nem que tenha que recorrer a subsídios", diz o analista, que projeta uma energia entre 11,5% e 16% mais barata em 2013.

Já o analista de setor elétrico da Ativa Corretora, Ricardo Correa, calcula que o uso das termelétricas vai provocar um impacto de 5% nas tarifas de energia. De qualquer forma, profissionais de mercado dizem que as dúvidas existentes diminuem a previsibilidade da inflação e, portanto, para a política monetária do BC. Isso leva os agentes a demandarem prêmios maiores nos negócios na BM&F. A diferença entre as taxas de juros projetadas no curto e no longo prazos aumentou. O degrau entre os contratos DI de janeiro de 2014 e janeiro de 2017 subiu de 1,37 ponto percentual na segunda-feira para 1,44 ponto ontem, a maior diferença desde 20 de dezembro.

Outro reflexo desse quadro é o aumento da inflação implícita nos negócios com títulos federais atrelados ao IPCA, as Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-Bs), que superou ontem os 7% para contratos válidos para 2013.

NO mercado de câmbio, o dólar fechou em alta, impulsionado pela demanda de importadores e seguindo a tendência de valorização da divisa no exterior. As importadoras acentuaram sua atuação na ponta de compra já no fim da manhã, aproveitando a oportunidade criada pela baixa da moeda americana no início do dia.

No encerramento da sessão, o dólar era cotado a R$ 2,038, em alta de 0,39%. Entre mínima e máxima, a moeda oscilou entre R$ 2,022 e R$ 2,042.

"Quando o dólar cai abaixo de R$ 2,03, o mercado fica muito mais comprador", disse o gerente de câmbio de uma corretora em São Paulo. Com a moeda abaixo desse nível, alguns agentes, especialmente importadores, acabam entrando no mercado para garantir melhores taxas na contratação do câmbio. Isso acontece mesmo no caso daquelas companhias que apostam numa tendência de baixa para o dólar, disse o executivo.