Passarelli mira obras de saneamento para crescer

May 02, 2022 | Categoria: Engineering

Por Taís Hirata  De São Paulo – Jornal Valor Econômico

A empresa de engenharia Passarelli chegou no início deste ano a um estoque (“backlog”) de R$ 4 bilhões de projetos, sete vezes mais do que há dez anos, quando o setor de construção vivia um auge no país. “Nosso objetivo é nos consolidar como um epcista [empreiteiro] forte”, afirma o presidente, Paulo Bittar.

O mercado de saneamento, que hoje já representa 70% da atuação da companhia, seguirá como o grande foco do plano de expansão. Por ora, não há intenção concreta de entrar em concessões de água e esgoto, tal como outras empresas de engenharia têm ensaiado. Porém, a ideia está no radar, diz o executivo.

 

“Lá na frente, haverá mais espaço para entrarmos em concessões, principalmente de cidades menores. Quando todo esse processo de comprovação da capacidade econômico-financeira dos contratos de saneamento acabar, acreditamos que se abrirão oportunidades para uma nova onda de leilões. Vamos analisar, mas por ora não estamos estudando os projetos. Nosso foco está na engenharia”, afirma.

 

A construtora já teve experiências em concessões no passado, na Centrovias (operadora de rodovias paulistas) e na PEC Energia, em parceria com a Engeform (que depois comprou a fatia da Passarelli na joint venture).

Além de saneamento, o mercado de aeroportos, principalmente em concessões, tem sido uma importante fonte de obras.

Hoje, a companhia está em fase de prospectar novos segmentos, diz Bittar. “Olhando para o longo prazo, não teremos mais grandes obras de aeroportos, por exemplo. De saneamento, sim. Mas teremos que avaliar outros mercados para seguir em expansão”, afirma. Um alvo é a indústria de óleo e gás. “Com as privatizações, estamos buscando retomar contratos de engenharia no setor.”

Em 2021, a Passarelli registrou receita bruta de R$ 530,2 milhões, uma alta de cerca de 61% em relação ao ano anterior, segundo informou a empresa, que não divulga seus balanços. Em 2022, a previsão é que o faturamento alcance R$ 1 bilhão, considerando os novos contratos obtidos.

A empresa tem ampliado de forma significativa a participação do setor privado em sua carteira, chegando a uma proporção de 65% do total. Em 2012, o setor público representava 90%.

O grupo familiar, que completa 90 anos, já se vê como uma construtora de grande porte, considerando o atual tamanho de mercado. “Fomos uma das companhias [médias] que ocuparam parte do espaço deixado após a Lava Jato”, diz Bittar.

Para efeitos de comparação com algumas das antigas gigantes do setor: ao fim de 2021, a OEC (Odebrecht) somava cerca de US$ 3 bilhões (R$ 14,8 bilhões) de “backlog”, e a Queiroz Galvão, R$ 3 bilhões. Em meados do ano passado, a carteira da Andrade Gutierrez somava cerca de R$ 9 bilhões.