Sistemas eólico e solar ainda são inviáveis para produzir hidrogênio verde como fonte de energia.

June 15, 2022 | Categoria: Energy

Texto: Redação Adrielly Kilryann – Jornal da USP

O uso do excedente de energia gerado pelos sistemas híbridos eólico e solar fotovoltaicos conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN) na produção e armazenamento de hidrogênio verde, para servir como fonte de energia, ainda não é economicamente viável para o setor elétrico brasileiro. Essa é uma das principais conclusões de um estudo realizado por duas pesquisadoras do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, publicado na revista acadêmica International Journal of Hydrogen Energy. De acordo com o trabalho, que analisou as maiores usinas eólicas e solares do País, o custo econômico da produção de hidrogênio será competitivo apenas quando houver sistemas dedicados exclusivamente a essa atividade.

Considerado elemento-chave na transição global para uma economia de zero carbono, o hidrogênio verde pode ser obtido por meio da eletrólise da água. “Um dos pontos investigados pelo estudo foi a viabilidade econômica de se produzir e armazenar hidrogênio verde no Brasil em sistemas híbridos, por meio da energia de curtailment events, ou restrições de rede, em usinas renováveis existentes conectadas ao SIN”, explica a engenheira eletricista Sabrina Fernandes Macedo, uma das autoras do artigo. “Os curtailment events ocorrem quando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) solicita que plantas eólicas ou solares parem de gerar energia caso haja, por exemplo, algum processo de interrupção de rede ou então de geração acima da carga. Em tese, essa energia excedente poderia ser utilizada para geração de hidrogênio verde.”

Para elaborar o estudo, o trabalho analisou as duas maiores usinas em funcionamento no País: o complexo eólico Baixa do Feijão, no Rio Grande do Norte, e o complexo Sertão Solar Barreiras, na Bahia. “Os dados de operação e investimento dessas usinas serviram de base de dados de entrada para a construção do modelo econômico, no qual foram desenvolvidos cenários hipotéticos muito próximos da realidade”, explica Drielli Peyerl, jovem pesquisadora pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e orientadora do trabalho.