Construção puxa recuperação de 4,8% do investimento

September 02, 2022 | Categoria: Engineering

Por Marcelo Osakabe De São Paulo – Jornal Valor Econômico

Ajudado em ampla medida pela construção civil, a formação bruta de capital fixo (FBCF) se recuperou de quatro trimestres de contração ou quase estabilidade e cresceu 4,8% no segundo trimestre deste ano, na margem, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O desempenho ficou acima da média das projeções coletadas pelo Valor com consultorias e instituições financeiras, que apontava para crescimento de 2,5% dos investimentos na comparação com o trimestre imediatamente anterior.

Coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis atribuiu a expansão no período principalmente ao setor da construção, seguido do segmento de desenvolvimentos de software.

“A gente teve um crescimento dos investimentos muito puxado pela construção e pelo desenvolvimento de software de sistemas, que impulsionou a atividade de comunicação e informação”, disse ela.

O resultado da construção surpreendeu porque a expectativa era de que houvesse desaceleração do segmento, que teve forte ritmo de expansão nos últimos anos, lembra a coordenadora de Projetos da Construção no Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Ana Maria Castelo.

Após a divulgação dos dados, a economista afirma que a estimativa para o segmento no ano, atualmente em 3,5%, deve crescer para perto de 4,5% ou até 5%.

Só o carregamento estatístico do primeiro semestre para o ano é de 7%, ressalta. Apesar disso, ela pondera que a perspectiva é que, em algum momento, a esperada desaceleração chegue ao setor.

“Acredito que o cenário se torna mais desafiador. Do ponto de vista dos investimentos públicos, o fim do ciclo eleitoral e também as desonerações que atingem os Estados devem reduzir essa demanda. Já o mercado imobiliário deve cair também, por causa da comparação com o segundo semestre de 2021, que foi muito forte”, diz.

Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, pondera que a melhora da expectativa para a economia como um todo na segunda metade do ano não necessariamente afeta o segmento. Isso porque o impulso deve vir através, principalmente, da nova rodada de auxílios do governo federal, que impulsiona o consumo das famílias, mas não necessariamente a construção ou mesmo todo o setor de investimentos como um todo.

“Se isso significa uma desaceleração ou números negativos na margem, ainda não dá para arriscar a dizer”, diz Nishida, que ainda trabalha nas revisões para a atividade no restante do ano.

Em relação ao segmento de serviços de informação e comunicação - do qual o desenvolvimento de softwares faz parte, Palis lembra que o segmento de desenvolvimento de sistemas já vinha crescendo antes da pandemia, sofreu menos naquele período e foi inclusive beneficiada pelas necessidades do isolamento social. O setor teve alta de 2,9% no trimestre, na margem.

Apesar da expansão dos investimentos no segundo trimestre, a chamada taxa de investimentos - que mede a proporção entre a formação bruta de capital fixo e o Produto Interno Bruto (PIB) - permaneceu estável na comparação anual. O indicador ficou em 18,7% no segundo trimestre, ante 18,6% no segundo trimestre do ano passado.