Incorporadoras mostrarão resultados heterogêneos

August 07, 2013 | Categoria: Engineering

Por Chiara Quintão | De São Paulo

A temporada de balanços do segundo trimestre deve demonstrar que as incorporadoras de capital aberto tiveram desempenho heterogêneo, conforme a média das projeções da Bradesco Corretora, do Citi Research, do Deutsche Bank e Itaú BBA. Enquanto algumas empresas demonstrarão recuperação ante os números fracos do último ano, é provável que outras continuem ajustando operações, de acordo com o Deutsche Bank.

Para a Cyrela Brazil Realty, maior incorporadora de capital aberto do país, há expectativa de lucro líquido superior no segundo trimestre ante o intervalo equivalente de 2012. A média das projeções dos quatro bancos aponta para lucro de R$ 209,5 milhões, com alta de 46,5%. Já a receita líquida ficou em R$ 1,49 bilhão, conforme a média das estimativas, em linha com a do mesmo período do ano passado.

Em relatório, a Bradesco Corretora afirma que a Cyrela deve continuar a ser, na sua visão, a "top pick" entre as seis incorporadoras mais líquidas. A corretora diz esperar que, ante o primeiro trimestre, a margem bruta da empresa tenha ficado estável, as despesas com vendas aumentado, e a margem Ebitda apresentado ligeira queda.

O Itaú BBA cita que a Cyrela apresentou fortes resultados operacionais no trimestre, ainda que o processo de aprovação de projetos na cidade de São Paulo continue, de certa forma, lento. Conforme o Itaú BBA, a expectativa é que a incorporadora mantenha seu momento de resultados positivos.

Em relação à PDG Realty, a expectativa é de melhora dos resultados ante o segundo trimestre de 2012, ainda que não se espere melhora expressiva. As projeções das quatro instituições vão de prejuízo de R$ 34 milhões a lucro de R$ 26 milhões. De abril a junho do ano passado, a PDG teve prejuízo de R$ 450 milhões. A média das estimativas indica alta de 26% da receita líquida, para R$ 1,36 bilhão.

O Itaú BBA espera que os dados financeiros da PDG continuem a ser negativamente afetados por distratos e lançamentos das safras antigas. A Bradesco Corretora projeta outro trimestre de desempenho fraco, à medida que a empresa avalia como perde menos em cada projeto lançado em 2011: continuando a construir ou cancelando e pagando multas. O processo pode resultar em mais distratos. Na avaliação do Itaú BBA, a queima de caixa pela companhia, no segundo trimestre, deve ter desacelerado em relação ao primeiro trimestre.

No caso da MRV Engenharia, a média das estimativas indica queda de 18,4% no lucro líquido, para R$ 118,25 milhões, e redução da receita líquida de 2,5%, para R$ 1,064 bilhão. O Itaú BBA tem a perspectiva que a incorporadora apresente resultados contábeis fracos, com queda de margem bruta e baixo nível de ROE (retorno sobre patrimônio).

No lado operacional, a MRV teve outro trimestre com números saudáveis, beneficiada, segundo o Itaú BBA, pela sólida demanda por unidades de baixa renda no programa Minha Casa, Minha Vida. A Bradesco Corretora também ressalta o desempenho das vendas brutas, mas pondera que os cancelamentos subsequentes podem ter sido elevados e que a revenda de unidades distratadas é mais difícil no segmento econômico.

Para a Gafisa, as estimativas das quatro instituições vão de prejuízo líquido de R$ 39 milhões a lucro líquido de R$ 19 milhões, ante o lucro de R$ 1 milhão no segundo trimestre de 2012. A média aponta para receita líquida de R$ 875,5 milhões, 15,9% abaixo do intervalo equivalente do ano passado.

A Bradesco Corretora estima expansão da receita líquida da Gafisa em relação ao primeiro trimestre, na esteira do melhor desempenho de vendas reportado. A instituição diz esperar também redução do prejuízo nessa base de comparação, devido à contribuição potencialmente maior de Alphaville Urbanismo.

Já o Itaú BBA avalia que a Gafisa terá resultados contábeis fracos e que despesas financeiras elevadas devem levar a companhia a ter prejuízo no trimestre. Em relação à margem bruta, o Itaú BBA projeta melhor desempenho ante o mesmo período do ano passado.

A média das projeções de Bradesco Corretora, Deutsche e Itaú BBA para a Rossi Residencial indica queda de 32% no lucro líquido, para R$ 34,67 milhões, e redução de 8,9% na receita líquida, para R$ 724 milhões.

A Rossi também não divulgou lançamentos e vendas. A Bradesco Corretora espera para a empresa outro trimestre fraco do ponto de vista operacional, com distratos maiores que os do primeiro trimestre, mas lucro líquido, com a aceleração do reconhecimento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) na receita.

A Itaú BBA projeta melhora das margens bruta e Ebitda da Rossi ante o intervalo de janeiro a março, mas piora em relação ao segundo trimestre de 2012.

Para a Brookfield Incorporações, a Bradesco Corretora e a Itaú BBA estimam redução do prejuízo líquido da companhia, ante a perda de R$ 383,5 milhões de abril a junho do ano passado. As duas casas projetam que a receita aumentará em comparação aos R$ 669 milhões do mesmo período de 2012.

Ajustes de orçamento e de processos internos da Brookfield levam a Bradesco Corretora a esperar mais um trimestre fraco para a companhia. A empresa não fez ajustes no primeiro trimestre, o que pode ser acumulado no segundo trimestre, conforme a Bradesco Corretora. A instituição diz considerar positivo a sinalização pela Brookfield da possibilidade de reduzir sua exposição à faixa 1 do programa habitacional. O Itaú BBA cita que os resultados ainda vão refletir as revisões de orçamento já realizadas.