Renováveis poderiam atingir 92% da matriz brasileira até 2050

August 27, 2013 | Categoria: Energy

Por Natália Bezutti

A participação das fontes renováveis poderia atingir 92% da matriz energética brasileira nos próximos 40 anos, segundo o relatório [R]evolução Energética, divulgado nesta terça-feira (27/08) pelo Greenpeace. No entanto, o documento aponta que, atualmente, o cenário e a tradição nacional de renováveis neste setor estão em risco devido a decisões equivocadas da administração federal, que tem optado por fontes como o carvão.

Em termos de investimento, a construção de menos termelétricas e a maior participação de renováveis poupará R$ 1,11 trilhão até 2050. Isso porque, apesar de um investimento maior de R$ 2,39 trilhões até 2050 - R$ 690 bilhões a mais do que o governo pretende despender no mesmo período - as vantagens econômicas se justifica ao colocar na conta os gastos com combustíveis fósseis previstos no cenário de referência.

Para tornar isso realidade, o [R]evolução Energética prevê um significativo aumento do uso de fontes renováveis – serão 396 GW de energia em 2050 – instalados, principalmente, por meio das fontes eólica, solar fotovoltaica, solar heliotérmica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

“Estamos no começo da energia solar fotovoltaica, mas já temos alguns sinais positivos de leilão neste ano. Talvez nos próximos três a cinco anos, pode até ser a opção mais barata a chegar à matriz elétrica. O próximo Plano Decenal de Energia (PDE2022) inclui 1,4 GW no horizonte. Mas a gente acredita que o montante poderá atingir 2,6 GW até lá ou além disso,”, explicou Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace no Brasil.

Conforme aponta o relatório, até 2040, seria possível abdicar da energia produzida pelas usinas nucleares, térmicas movidas a óleo combustível e carvão mineral, e evitar a construção de novas grandes hidrelétricas na Amazônia. Bem como o crescimento sem explorar reservas não convencionais de gás e óleo, como o gás de xisto ou o pré-sal.

Segundo Baitelo o motivo é que a matriz brasileira pode ser atendida na maior parte do tempo por uma combinação de solar, eólica, biomassa e hidrelétricas, considerando as diferentes condições em áreas do País. “Queremos colocar outro conceito, que não é o de uma energia de base, mas de todas as energias garantindo a segurança para matriz, isso é possível. Obviamente que você precisa ter os desenvolvimento de políticas para favorecer todas essas fontes”.

O coordenador ainda aponta que apesar da perspectiva de potencial expansão da eólica onshore e da fotovoltaica, algumas tecnologias devem participar da matriz num segundo período, principalmente a partir de 2030, como a eólica offshore e a energia solar concentrada (CSP). Mas, para isso ocorrer, seria necessário um ambiente de desenvolvimento mais favorável com um pacote de condições, que inclui o financiamento, acesso à rede e condições de contratação.

“A moral do relatório é que a gente consegue ter uma rota sustentável e boa para o meio ambiente e para a sociedade no futuro e, se a gente começar a pensar nisso desde agora, em termos de condições e políticas públicas para essas energias, a gente também consegue gerar mais empregos. Se a gente traduz isso em indústria, pode reverter uma geração de empregos até 20% maior, possibilitando uma vantagem econômica, ambiental e social”, conclui Baitelo.