A construção civil em busca de um novo patamar

September 11, 2012 | Categoria: Engineering

O Estado de S.Paulo

A atividade da construção civil ficou abaixo da média, em julho, mas em ligeira recuperação em relação a junho, informou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ao mesmo tempo, o Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) reviu as projeções de crescimento deste ano, de 5% para 4%.

Os dados indicam que a recuperação, se vier a ocorrer neste semestre, tende a ficar aquém do esperado. Nada a estranhar, pois o ritmo da construção civil segue o do Produto Interno Bruto (PIB), cuja retomada, em junho, pelos dados do IBC-Br, do Banco Central, não está consolidada.

Os dados menos desanimadores dizem respeito ao emprego: em julho, segundo o Sinduscon, o saldo de contratações com carteira assinada foi de 28,1 mil trabalhadores. No período janeiro/julho, o emprego na construção cresceu 6,98% em relação ao mesmo período de 2011, correspondendo a 221,5 mil vagas - número expressivo, mas que em 2011 tinha sido ainda maior, com mais 228,2 mil postos. Nos últimos 12 meses foram abertas 204,4 mil vagas.

Em julho, segundo a Sondagem da Indústria da Construção da CNI, a utilização da capacidade instalada do setor foi de 69%, repetindo o índice de junho. A ociosidade é maior nas empresas de pequeno porte e nas atividades relacionadas à infraestrutura. É inegável o impacto negativo do baixo nível dos investimentos públicos nas empresas de construção.

O nível de atividade do setor, de 48,3 pontos, em julho, superou o de junho (47,7 pontos), mas foi bem inferior ao de julho de 2011 (50,1 pontos), quando a desaceleração já se prenunciava. Abaixo de 50 pontos, os indicadores entram na zona negativa. Também negativos foram os indicadores do nível de atividade em relação ao usual (45,5 pontos) e do número de empregados (48,2 pontos).

No segmento residencial, o ritmo depende da demanda da classe média e do programa social do governo - o Minha Casa precisa "deslanchar na faixa de renda das famílias mais desfavorecidas, com renda mensal de até R$ 1,6 mil", disse o presidente do Sinduscon, Sérgio Watanabe.

Os primeiros sinais de estabilização (ou queda) dos preços de imóveis em São Paulo podem esfriar o ânimo de empreendedores e compradores finais - alguns estão devolvendo imóveis adquiridos na planta, obrigando as construtoras a dar descontos. A euforia no mercado imobiliário está passando, mas tem seu lado positivo: nada pior do que aquisições por impulso, em que é maior o risco de inadimplência e perda do imóvel.

pm� no��ae 61,4% no ritmo de criação de emprego.

 

"O ritmo diminuiu porque a economia desacelerou", disse Vale. "A construção civil teve um boom no passado recente e é natural que, depois de dois anos de crescimento econômico muito baixo, o setor acabe desacelerando também", acrescentou.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Rodolpho Tourinho Neto, disse que o setor de obras em infraestrutura vive uma situação de quase pleno emprego. "O País nunca teve volume de obras igual a esse, com grandes concentrações de operários", frisou. "Isso é muito bom, mas, de certa forma, dificulta a contratação, pois há escassez de mão de obra qualificada e o volume de projetos em execução facilita a mobilidade dos operários de uma obra para outra."

"Não é nem mão de obra qualificada que está faltando. Hoje, falta mão de obra para qualificar", disse o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada, Wilmar Gomes dos Santos. Ele lembra que, nos últimos oito anos, quando os projetos de investimentos em infraestrutura começaram a sair do papel, o número de trabalhadores com carteira assinada do setor saltou de algo como 1,5 milhão para quase 6 milhões.

O Programa de Qualificação Profissional Continuada - Acreditar é um exemplo da realidade atual. "Estive lá há dez dias. A gente não tem mais quem treinar na região", contou Tourinho. Desde fevereiro de 2011, segundo ele, 4,5 mil pessoas foram capacitadas para o trabalho.

O programa foi implementado pela construtora Odebrecht, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, na usina hidrelétrica Teles Pires, que está sendo construída na fronteira dos Estados do Pará e Mato Grosso,

"A questão da formação e qualificação de pessoal é o que mais nos preocupa, porque é estrutural", disse o presidente do Sinicon. "Estamos preparando um grande programa, visando a ganhos de produtividade, mas sobretudo à formação desse pessoal todo." Ele ressaltou, porém, que o cenário de pleno emprego não se traduziu em ganhos para o conjunto dos trabalhadores. "Continuamos com baixíssimos salários, desigualdades regionais e precariedade como condição predominante no setor."